terça-feira, 10 de maio de 2011

Quem somos

Coletivo Caranguejo é uma iniciativa que traz de volta algo que a principio nunca esteve totalmente ausente que é a trajetória daqueles que atuam na Arte e nas questões de cunho social e não raro em ambas as esferas (Arte com Responsabilidade Social). Lembro-me de um fato que certa vez vi na TV a respeito dos caranguejos. Esses crustáceos atravessam um longo percurso, saindo de sua área natural até ao espaço urbano (o habitat natural do “bicho homem”) expondo-se a uma infinidade de perigos (morrerem esmagados por uma roda de carro ou até serem caçados para irem para uma panela e etc), até chegarem a um determinado local que seria outro habitat natural deles. Isso me pareceu interessante o fato de que apesar de muitos (talvez a maioria deles) morrerem no meio do caminho, os que escapam prosseguem resolutos em direção aos seus objetivos primordiais.
Essa é uma metáfora bem apropriada para aqueles que lidam com a Arte, com o Social, com a Cultura, com o Conhecimento e com a Educação. E ainda pode-se dizer que todas essas áreas não ficam em fronteiras separadas umas das outras, esta tudo, como se diz na gíria, “junto e misturado” e por assim dizer lembra outra mistura. A da água, que são os sentimentos, e da terra, que são os aspectos pragmáticos da vida. Água e terra, a lama na qual os caranguejos habitualmente vivem. E os artistas e ativistas sociais, professores e produtores culturais vivem nessa fronteira entre as divagações de sua própria sentimentalidade e a necessidade de sair de um ponto ao outro e para tal que passar por um trecho igualmente repleto de perigos infindáveis, que são os aspectos práticos da vida, a necessidade de se enfronhar em programas de captação de recursos, planilha de custos, dados estáticos e tudo que se refere à terra, ao mundano, ao ordinário(da ordem do dia). É por isso que o caranguejo e o artista tem uma carapaça-armadura para proteger o seu interior macio e subjetivo.
E nós, Caranguejos artistas-pensadores, usamos essa carapaça de objetividade no mundo, a terra (o meio pelo qual o artista-pensador expressa seus sentimentos do seu interior para o exterior.) para proteger e dar apoio logístico ao nosso interior macio (e somos macios não por fraqueza, mas por sermos flexíveis) e subjetivo, a água (expressão dos sentimentos e o interior do artista-pensador).
Posto isso, é bom não demorar mais em divagações e partimos para a linguagem poética que parece dizer tão mais claramente a que viemos ao mundo, quando toda prosa e objetividade nos falha e parecem já ser insuficientes.

Por Wanderson Silva de Souza

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